sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Manual de sobrevivência do ser digital

Ter Orkut, facebook, twitter, blog e canal no Youtube deixaram de ser consideradas futilidades do mundo digital e passaram a ser uma condição sine qua non para se relacionar com os amigos, consumir, está visível para os processos de seleção de empresas e até para ser avaliado academicamente, né Kalinka? A professora "deu a ordem"e fez com que todos os "atrasildos" se conectassem ao fascinante mundo das redes sociais ou ciperespaço.

As tecnologias têm esse poder, transformar ideias, gerar adesão. Eu como estudante de comunicação volta e meia me percebi com uma sensação de ansiedade e inquietamento por achar que estava um passo atrás da tecnologia. A verdade é que bastante oneroso socialmente administrar (bem) essa vida ciberespacial.

Ciberespacial porque literalmente é uma viagem a outra galáxia. Pois, segundo Mc Luhan, as tecnologias são uma extensão de nossa percepção. O cinema permite ampliar nossa capacidade de ver, tornando possível perceber detalhes que a olho nu seriam impossíveis. O mesmo ocorre com a TV, o rádio e sobretudo, com o computador. Pois é nele que o homem realiza plenamente suas capacidades de se extender à tecnologia.

Essa ampliação de repertórios de experiências cibernéticas produz um novo ser. Para o escritor italiano Giovani Sartori a televisão gera e pare um novo homem. O Homo Videns, um homem que depende, necessariamente, dos códigos visuais para compreender e, portanto, perde sua capacidade de abstração, em certo sentido se idiotizando. Relativizações ao seu pensamento são necessárias.

Um dado importante nesse frenesi por se comunicar a tudo e a todos e que geralmente não comunicamos nada. Pois existe uma razão inversa entre informação e comunicação. E estamos tão inundados em tempestades de informações que nos falta tempo para pensar. Comunicar pressupõe compartilhar com o outro uma experiência única. Não é isso que geralmente acontece nas redes sociais. Scraps coloridos e animados na tela do Orkut disfarçam a superficialidade e impessoalidade que há entre você e seu amigo. Mandar beijo se tornou tão superficial que eu adotei "o xeru", à baiana, para demarcar para aqueles que realmente merecem esse mimo. O calor humano de um abraço de um amigo não é substituído por um gift do facebook. As redes sociais são um meio, alguns a encaram como o único.

As tecnologias, a pílula, a roda, TODAS tem esse poder: alterar a paisagem, as relações afetivas, a relação com o meio ambiente e por fim alterar a nós mesmos.